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Crer sem pertencer: a “religião” do século XXI
Buscar a Deus, mas rejeitar a igreja. Essa é a principal tendência religiosa da atualidade, segundo diversos sociólogos. O fenômeno de “believing without belonging” (traduzido como “crer sem pertencer”) representa pessoas que creem em Deus ou em algum tipo de ser superior e até buscam exercitar a espiritualidade individualmente, mas não querem se envolver com a religião organizada.
A prática religiosa caiu, em média, 51% entre 1970 e 2002 na União Europeia e em países como Argentina e Canadá, segundo dados organizados pelos historiadores britânicos Pippa Norris e Ronald Inglehart a partir de vários censos [os dados brasileiros são inconsistentes]. Isso, no entanto, não significa que mais pessoas estejam tornando-se ateias. A crença na vida após a morte, a leitura frequente de texto sagrado e a crença em uma divindade mantiveram-se altas, mostrando que há uma fé desvinculada da prática religiosa.
Os números reiteram o que estudiosos da religião já vêm observando há algum tempo. O termo “believing without belonging” foi cunhado nos anos 1980 pela socióloga Grace Davie para referir-se à prática desvinculada de uma instituição. O que é, segundo ela, é típico das sociedades seculares, ou seja, qualquer uma em que a religião não seja o centro da vida social, mas apenas uma das esferas dessa vida, junto ao Estado, à família, ao trabalho e tudo…