Prostitutas sagradas: uma história de cair o queixo

Naiara Leão
3 min readDec 18, 2017
Barbie Aphrodite. Foto: Reprodução/Mattel

“O costume mais vergonhoso entre os antigos babilônios é este: é obrigatório para toda mulher local se sentar no santuário de Afrodite uma vez na vida para se prostituir com um homem estrangeiro.” A frase acima, de Heródoto, me saltou aos olhos no meio de uma leitura e foi impossível seguir em frente sem parar para pensar sobre ela. Como assim, mulheres foram obrigadas a se prostituir em nome de uma deusa? Já imaginou viver com essa “sentença” sobre os ombros?

Intrigada, fui pesquisar mais e encontrei outras evidências da prostituição sagrada. Justinus e Valerius Maximus, escritores romanos dos primeiros séculos, descreveram o costume de enviar noivas para se prostituírem nos templos de Vênus (equivalente à Afrodite no panteão romano) em Chipre e em Sicca (atual território da Tunísia) para juntarem o dinheiro do dote. Havia também o sexo pago com sacerdotisas. Coisa comum no mundo antigo, segundo o Anchor Bible Dictionary. O dinheiro ia para o sustento do templo, claro.

Em Corinto (Grécia), teria havido mais de mil prostitutas sagradas ao mesmo tempo no templo de Afrodite; em Eryx (Sicília) elas seriam escravas de viajantes numa região praticamente inabitada, de acordo com Strabo (séc I A.C), historiador grego.

Depois do choque, veio o balde d’água. Ainda que a prostituição sagrada tenha atraído…

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Naiara Leão

Nomad. PhD student of Religion, early Christianity and Women's and Gender Studies. Follow my IG @academicanomad